Natan Dias & Joana Dias

Ilha de Vitória = Polígono

Centro do polígono = Jucutuquara

Margem = Antigo Teimoso

Significado de Teimoso
Adjetivo
1. Que não desiste com facilidade; obstinado.
2. Que demonstra teimosia; que teima; turrão. [Figurado]  
3. Que se estende durante muito tempo; que não termina com facilidade; insistente ou prolongado.

Substantivo masculino
Pessoa que não desiste; aquele que insiste excessivamente.

Etimologia (origem da palavra teimoso)
Teima + oso

Sinônimos de Teimoso
Marroaz, pertinaz, abarroado, prolongado, caprichoso, casmurro, contumaz, obstinado, pirrónico, turrão, insistente

Anônimos de Teimoso
Cordato, dócil, obediente

— Não caio, deito e descanso.

Materiais para a construção do protótipo

A ciência de construir, ligar materiais e pessoas.

Uma casa se mantém pelas vigas de ferro e por instantes de outros. Essa ligação minha não é só com minha casa, mas cria elos que se unem em uma corrente impossível de se quebrar.

A desobediência faz parte da construção de uma rota segura, uma rota conhecida por todos que vivem ali, mas desconhecida para quem busca enxergar de modo institucional.

No olho, existia e ainda coexiste um tempo em que os construtores mediam as coisas no olho. Quando me refiro a "medir no olho", eu estou me colocando a pensar o material no espaço, mas o olhar rigoroso fica entrelaçado com o olhar também de memória.

Eu não sei vocês, mas é bom medir as palavras assim, como é bom medir os materiais, olhar para fora pode ser o mesmo que olhar para dentro.

Embora o centro da ilha de Vitória seja a região de Jucutuquara, pensar no centro é algo extremamente perigoso, pois, se existe centro, existe margem.

  1. Os centros resumem o lugar?
  2. Existem outros possíveis nomes para os centros das cidades?
  3. Estou do outro lado da ilha ou vocês que estão?
  4. Quem construiu o centro habita o centro?
  5. O centro quer ser centro?
  6. Quais as responsabilidades de se ser centro?
  7. Quanto eu pago para habitar um centro?
  8. A ponta da pirâmide seria um centro?
  9. Daqui para aí é onde?

Ando medindo a olho o centro e a descentralidade.

Imagens de arquivo do bairro Bonfim.

Natan Dias: imagem de arquivo de família

Minha avó, Joana Dias da Cruz, tem me falado sobre o período de ocupação do bairro que conhecemos hoje como Bonfim. Ela relata que, durante a ocupação, houve diversas tentativas de desmanchar os barracos, mas rapidamente eles eram reerguidos devido à grande capacidade técnica e de mobilização das pessoas em reconstruir as casas de vizinhos.

Experienciar e propor outros ângulos de enxergar a ilha, ouvir sobre outros centros da cidade, conseguir enxergar ela se reconfigurando, refazendo-se a partir de desobediências ou métodos institucionais, me fez perceber e tomar consciência de minha possível coautoria na cidade.

Estou completamente perdido quanto ao centro, porém, estou certo de que a margem pode ser tanto aí, quanto aqui — depende. Talvez essa capacidade de mobilizar pessoas, reerguer as casas, toda essa teimosia de refazer, talvez essa contra-narrativa de centralidade, essa coexistência, é o que constrói e desconstrói a cidade, criando assim uma constante infinita de centro e margem.

Parece que o sujeito que tem a responsabilidade de abrir tem a responsabilidade de fechar.
Abrir e fechar se dá pelo equilíbrio e pela força proposta pelo técnico.

O equilíbrio é importante pela mobilidade, saber equilibrar é saber estar, habitar um agora.

Natan Dias  (ES, 1990)

Artista, ator e cenógrafo. Por meio de sua formação e experimultidisciplinaridade técnica e poética, realiza suas pesquisas com o ferro e a tecnologia, em projetos variados nos campos das artes cênicas e visuais.

Joana Dias (ES, 1928)

Nascida na cidade de Viana, Joana Dias viveu sua infância e adolescência no campo. Ao se casar, passou a morar no bairro Bonfim, em Vitória-ES, onde construiu sua residência e família. Esteve próxima à construção do bairro e da vida de seus moradores. Aposentada, permanece vivendo hoje junto à família.