Ao longo da minha pesquisa para a residência, voltei minha atenção para a origem do processo de edificação do corpo social da cidade, que, por sua vez, é atravessado por saberes que se modificam à medida que o tempo avança. E podem se transformar até que deem lugar ao apagamento de sua origem. Há quem chame de progresso.

Quantas pessoas precisam esquecer para que um saber comece a desaparecer? Ou, ainda, quantas pessoas precisam sustentar um ofício para que ele seja considerado vivo?

Acho que, apesar do futuro, sempre haverá uma maneira de se conectar com o início de tudo. Quando a vida é atravessada por relações econômicas verticalizadas, quem tem a grana tem tudo, inclusive o outro. Este, tem uma função, não um saber. Aquele coroa de barba branca já falou tudo sobre isso, tanto que a galera de hoje usa o nome dele como xingo.

Não sei se tem como apagar o saber fundamental. Em um mundo sustentado pelo dinheiro, o saber confere independência e autonomia. O conhecimento é memória absorvida , vivida e transmitida. Como era mesmo que o cara falava? "Se nós faz, então é tudo nosso!"

Joana Quiroga (ES, 1982)

Artista visual e filósofa. Investiga a vida cotidiana e sua profundidade filosófica, procurando dialogar com questões sociais. Reflete em seus trabalhos, dentre outras questões, sobre as relações de poder através do pão.

Pedro José do Nascimento (19XX)

Aos 13 anos veio pro Centro, trabalhar no hotel Tabajara, até começar aos 17 onde está até hoje, na Rádio Oficina Vitória, que graças a ele em 2021 fará 63 anos.